Reconstrução personificada - Sou quando não sou.

Eu sou a outra, a segunda opção. Eu sou a estrela, a principal. Eu sou a única, sou capital.
Eu sou a flor, eu sou o mal. Eu sou a farsa, sou vil, vital.
Sou meiguice, sou bailarina. Sou mulher, sou menina.
Sou amante, degenerada. Sou ingênua, subestimada.
Sou fera, sou loba. Sou cordeiro, sou tola.
Sou megera, cheia de desprezo. Sou Cinderela, feita de apreço.
Sou aquilo, e sou isto. Sou aqui, mas acolá não existo.
Sou tudo e sou nada.
Sou, e não sou.
Talvez me defina na negação, e seja tudo aquilo que não sou.
Para não ser vista em uma única face, talvez esconda todas. Para que seja vista pelas virtudes, talvez deva ser defeituosa. Quebrada. Deixada.
Imperfeita, mas inteira, em vez de contextualizada, pois sou. E sou além da superfície. E sou além do que vê, pensa e sente. Sou alheia ao mundo, transcendo o ser, para ser minha. E apesar de tão cheia de características, nada além de minha. E sou somente onde não estou. Sou somente dentro de mim, longe dos olhos, perto da alma.

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