Só.
Sozinha agora, sinto-me tão só. E essas vozes que me assombram, e essas cores que me chocam. Eu, sozinha, por mim mesma. Vivo das simplicidades, do simplório e displicente.
Essa gente toda, essa bebida toda, essa música toda... Não me satisfazem. Porque da gente me é privado o interesse, da bebida o sabor, e da música tudo o que recebo é o silêncio. Toda festa é decadência, toda alegria é euforia, e euforia passa. Num sopro.
Vivo desse desejo intenso e imenso de descobrir qualquer coisa que me satisfaça, que preencha meu ser e que compense a culpa vã e a dor crescente de ser e não ser compreendido, de criar e não ser reconhecido, ou de amar e jamais ser correspondido como se deve.
Mas como se deve, mesmo, que já nem sei!
Minha cabeça gira, gira, gira, e meu coração vive pedindo por mais.
Mas a solidão não aplaca. A calmaria nunca chega, porque a necessidade é frenética, e a vontade é irrefreável!
E no vão entre a mente e o coração, o corriqueiro se encaixa, e a rotina se preenche de dor e de uma eterna atuação. Discrepância do destino, que eu me entretenha com as minúcias de cada momento. Traiçoeira, essa vida, cruel, esse destino, que me criou dessa forma, fazendo-me perceber as sutis diferenças entre o sentimento e a farsa, entre os olhares doces e os piedosos, entre as almas grandes e as almas vazias.
Mas a solidão, ah, a solidão.
Amiga de todas as horas, companhia onipresente. Ah, a solidão, essa solidão que me atormenta e me consome, e que talvez seja o que eu sou. Talvez eu seja solidão.
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