Sobre a autora

Oi.
Uma vez eu disse que minha linguagem é muito particular. Disse isso pra uma das pessoas mais importantes pra mim, atualmente. Daqui a algum tempo isso provavelmente não será mais verdade.
Esse é um texto sobre mim. A autora. Quem lê isso aqui sabe meu nome e etc. Não sou desconhecida pra ninguém que porventura esteja se entediando com esse texto nesse exato momento. É um texto sobre meus problemas, porque eu preciso escrever.
Enfim, quero começar fazendo algumas declarações:
1) Esse texto é ruim. Se você não quiser terminar, pare agora.
2) Eu estou escrevendo sem poesia nenhuma.
3) O motivo disso é: Eu não consigo dormir.
4) O motivo do motivo é: Eu tenho pesadelos.
Meus pesadelos são infernais e geralmente fazem com que eu acorde com dor. Eu não sei se eu tenho algum problema na cabeça ou meus problemas estão invadindo minha cabeça e meu sono. Na última noite, era um homem. Eu era o homem. Eu espancava uma mulher, agarrava a coitada pelo pescoço e a surrava contra a parede. De repente, eu não era mais o homem, eu era a vítima, e meu agressor rasgava minhas bochechas com uma chave (dessas de abrir porta mesmo). Ele escrevia "Maldita" no meu rosto e me deixava sangrando. Eu acordei sentindo dor e fui correndo pra minha avó, chorando que nem um bebê.
Acho que isso tem acontecido com frequência. Eu estou voltando a ser uma criança. Eu tenho doído tanto e me sentido tão só. Por que a vida se tornou tão platônica? Todo mundo te dá amor de longe. Tudo vem em doses homeopáticas e virtuais.
Também tenho feito umas constatações estúpidas. Como eu estou ficando gorda de novo. Como isso tem atrapalhado o ballet, já que meus pés tem doído mais. Como os últimos caras com quem eu saí eram 1) completos idiotas 2) pessoas que não me davam muita importância 3) todas as anteriores. Como eu vejo muito menos meus amigos. Como eu odeio fazer as sobrancelhas, porque isso me faz espirrar. Como antes de dormir eu sempre me imagino em outro lugar e isso tem que significar alguma coisa.
O Facebook também me cansa, mas eu só consigo falar com as pessoas por lá. Acho que me sinto ainda mais sozinha longe das redes sociais. É estúpido escrever tudo isso em um blog, eu sei. Mas eu não consigo dançar minha frustração, nem desenhá-la, nem cantá-la, nem descrevê-la, e eu tenho certeza de que não quero mais sonhá-la. Acordo todos os dias com o coração acelerado e uma pessoa na cabeça. Eu fico desejando tanto que minha vida mude, mas não corro atrás de nada. E de quem/do que eu corro atrás, não adianta. Parece uma corrida de obstáculos. Parece que eu estou constantemente a beira do abismo. Eu quero um pouco de segurança e conforto, mas vamos combinar, eu não consigo nem dormir!
Eu quero as pessoas mais próximas. Eu estou cansada dessas ilusões, e eu quero deixar as pessoas que me fazem mal ir embora! Ou pelo menos quero parar de ter esses sentimentos que me fazem mal. Tenho sentido medo de tudo. Dos carros, dos filmes, de fantasmas, de morrer e do ventilador de teto. Mas sinto medo de perder as pessoas. Talvez seja medo de ser esquecida. Eu quero amor, e eu quero parar de ter medo. Eu quero dormir.
Eu quero que as pessoas parem de alimentar meu coração com esperanças que não existem. Quero parar de pensar no passado e seguir em frente. Quero que meus amigos fiquem, e fiquem mais perto. Quero ser menos chata, mas também quero me aceitar mais.
Eu acho que quero tanto que nem sei o que eu quero.
Por favor, cuidem do meu coração. Acho que a autora está ficando maluca.

Comentários

  1. VII
    (...)Serei um merda
    quero ser um merda
    Quero de fato viver.
    Mas onde está essa imunda
    vida – mesmo que imunda?
    No hospício?
    num santo
    ofício?
    no orifício da bunda?
    Devo mudar o mundo,
    a República? A vida
    terei de plantá-la
    como um estandarte
    em praça pública?

    VIII
    A vida muda como a cor dos frutos
    lentamente
    e para sempre
    A vida muda como a flor em fruto
    velozmente
    A vida muda como a água em folhas
    o sonho em luz elétrica
    a rosa desembrulha do carbono
    o pássaro da boca
    mas
    quando for tempo
    E é tempo todo o tempo
    mas
    não basta um século para fazer a pétala
    que um só minuto faz
    ou não
    mas
    a vida muda
    a vida muda o morto em multidão".

    Gullar, 'dentro da Noite veloz'.

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