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Raiva, raiva, raiva!

Poucas vezes odeio tantas coisas quanto odeio a mim mesma.
O ódio a mim mesma vem bem direcionado e com extrema clareza, que a clareza que grita que somos todos um poço estúpido de emoção e antecipação.
Veja, pois, veja bem, que o ódio não é do que já se sabe, mas do não saber.
Não há resposta mais frustrante, odiosa e nefasta do que "não sei".
Quando não se sabe o que vai ser, não se sabe o que é verdade, não se sabe o que fazer.
O não saber é o pior dos estados, a mais cruel das condições, a prole malcriada da dúvida.
O não saber é, dentro de mim, a certeza de que nunca, a sentença perpétua de culpa de, a maldição irrevogável que fará--
O não saber é via de mão unica. Não se pode nunca olhar pra trás e chorar.

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