A mensageira.


Quando perdemos alguém, tudo nos confunde. As roupas, os sapatos, as flores, os vestígios. As lágrimas de dor transbordam, o coração se parte, e a verdade vem: É irremediável.

A morte não é corrigível, não existe saída. As pessoas se vão, e não há nada de digno ou poético nisso. A morte é feia, confusa, atordoante. E em sua antítese, a vida - cruel, traiçoeira, uma batalha constante para se viver por quem ou pelo que se ama.

Quando perdemos alguém, nos perguntamos se foi mesmo a morte que nos tomou aquela pessoa, ou se já a havíamos perdido antes.
E o que sobra? O que, por Deus, sobra?
Sobra a saudade, um amor ferido pela ausência, lembranças que podem ser uma verdadeira tortura. Sobra a carne lassa, que rapidamente perde a cor e o calor. Sobra um corpo velado dentro de um caixão, músculos, ossos e pele, duros, frios, mortos. Sem brilho no olhar, sem sorrisos na boca. Uma expressão congelada. Não era a pessoa que você amava. O corpo que você vela não é a pessoa que você amava. O corpo que você vela tem as feições da morte, é o que eu sinto no meu íntimo.
E a morte será delicamente invadida pelos vermes e baratas, seguindo uma lei tão cruel da natureza, que se mistura com todo o resto.
Mas sobra algo mais:
Esperança.
Sobra a fé, de que nos encontremos em uma próxima vida, de que o amor que domina ferido meu coração possa atingir a quem eu perdi e iluminar seu caminho. Sobra a esperança de que do outro lado, exista uma vida melhor.

Que a matéria falha padeça, mas a alma jamais perecerá.


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