Onde deitam nossas mãos


Um sussurro
Leve e esfumaçado como
A fumaça
Do cigarro
Que sai dos seus lábios amargos
De voz lenta, calma,
Sedutora
Que clama, geme e apaixona
"Vem cá, fica com calma"
Ah, que calma, minha querida?
Que calma há nas nossas mãos antigas?
Nossas mãos que buscavam tão avidamente um ao outro
E agora deitam mortas
Frias
Exaustas
Em outras coxas,
Outro corpos
Outros peitos pulsantes, palpitantes,
Apaixonantes.
Entre nós, já não há calma
Entre nós, já não há cama
Entre nós, já não há nada.
Só silêncio. Silêncio frio. Silêncio gasto.
Silêncio cheio das perguntas que não foram feitas,
E agora deitam em algum sonho perdido,
No limbo, no umbral,
Esperando no portão,
De olhos cansados,
Junto daquilo que a gente nunca conseguiu ser.

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