Os barcos coloridos.

Olhava seus olhos de chocolate e apreciava a agonia estranha de gostar e temer. Tchau, tchau, já se vai cedo, sei que sim. Mas deixava o nome imergir lentamente em sua cabeça. Já sabia seu cheiro de cor, e podia rir sempre que o cheirava. Cheiro de bala com cigarro mentolado, cheiro de pele, cheiro de carinho. Tirou aquela foto forçada, e talvez fosse a melhor possível. Enroscou os dedos nos fios aflitos e cheirando a xampu. Tão feliz por aquele lugar, aquela vista e aquele abraço. Tão abismada e boba, tão atrevida e perdida, perdidinha. Retribuiria, se soubesse ser incrível daquele jeito tão natural. Não sabia, então só agradeceu. Obrigada,meu amigo. Obrigada, sim? Fotografou com olhos ansiosos pela beleza e raridade daquele momento, e fez questão de incluir os olhos sorridentes ali. Olhou o marrom dos olhos e foi derretendo devagar. Ficou quente demais e virou água. Bateu no chão, se espalhou naquelas gotinhas, respingou-se em sua boca e suas mãos. Ficaria ali como boa lembrança. Beijos, abraços, tardes quentes e uma amizade esquisita. Uma relação esquisita. Mas tchau, tchau, já se vai cedo, sabia que sim. E se deixava ficar sempre um pouco mais, morrendo de medo por não sentir medo algum.

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