Inexoráveis análises aborrecidas

Dizem que só se vê bem com o coração, e embora eu não consiga ignorar meus olhos cor de chocolate, também não consigo ignorar a pulsante vibração dentro da caixa do peito. Talvez devesse apenas encontrar o que amo, como diria Bukowski, e deixar que isso me mate. Talvez devesse percorrer países e corpos com meus pés, salivas e olhos, e olhar salivante pra tudo aqui que atraísse minha atenção e meu afeto facilmente conquistável. Talvez devesse querer o sossego dos plácidos e a paz dos prosaicos, mas em minha ignorância eterna, tenho sede de saber e espírito inquieto. Nasci da tempestade, fui forjada no ferro, e tenho nervos que desafiam explicações psicológicas, e tenho dons metafísicos. Sou um experimento divino ou diabólico. Mas sou gente. Sou frágil. Sou mortal. Sussurraram em meu ouvido e eu me inclino pra ouvir. Daí uma sombra me espreitou, com a ligeireza de um gato assustado se escondeu em minhas entranhas.
- Você é a Morte? - perguntei, tentando puxá-la para fora de mim e ver seus olhos sutis.
- Não. Sou sua indecisão. - respondeu, miúda e curvada.
- E o que você quer? - perguntei, tola que sou.
Silêncio. Não sabe o que quer, não sabe querer.

E eu? Pobre menina, e eu? Incrível mulher, e eu? E nós? Perdida em meus nós, desembolo, desenrolo. Espalho-me para ser tudo, e nada. E sou Universo.

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