a si

Quanto tempo levou pra você perceber
Que a vida funciona melhor com calma?
Quantos planos você teve que desfazer
Pra entender que vida é agora?
Quantos sonhos e pesadelos foram vividos?
Quanta esperança destilada e pesos atribuídos
Nas costas alheias?
Ai, menina de olhos generosos
Você olhou pra todo mundo e deu amor
Você esganada se engasgou com esses pedaços impossíveis de digerir
E usou todas essas letras rabiscadas pra contar histórias inenarráveis
Quando tudo que era necessário era olhar pra si
Enterrar as mãos no próprio peito e lamber sua própria pele
Pra provar de si mesma
E enfim aterrar esse buraco ansioso no seu peito sempre palpitante
Ora, era só o que precisava
Um emprego, alguns trocados, e a tranquilidade daqueles que se respeitam
Era pouco o que precisava, e não esse esforço hercúleo
Era só um olhar e um par de noites ouvindo a chuva
Era só aceitar que amor não se implora, só se tem
Agora, sim, sossegada
Aceitou que estar sozinha é estar sempre bem acompanhada
Nunca mais assombrada, mas acalentada pelos olhos infantis
Ora, pequenina, não se vive de amor!
Se vive de amar.
(A si)

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