narração despretensiosa - uma noite de absurdos

Me vi em seus braços pra curar a depressão
E me surpreendi ao ver que vivia
Quando você encontrou o absurdo
Da ameaçadora morte na vida de quem te fez
E você que despedaçava em força me fez inteira num segundo
Olhando dentro de seus olhos muito escuros
Seus olhos que eram sempre atentos
Seus olhos que eram sempre presentes
Que me olhavam pra além de quem eu era,
Mas pra quem eu podia ser.
E dormimos entrelaçados,
Um no outro, e nos gatos e cachorros
Você respirando no meu pescoço e eu respirando no meu braço dormente
E não me movo
E não me encolho
Eu só me permito ser, ali, no seu abraço
Vou embora com o gosto doce na boca, e durmo com a memória de suas mãos
Doce, doce, doce, que logo amarga.
Eu não choro, mas não rio ainda.
É que estar sozinha é difícil, ainda mais com seus olhos por perto.
E te agradeço
Porque você despiu minha roupa,
Minha cara amarrada,
E me despiu de todos os amores ingratos.
Me despeço de você pra encontrar comigo.
Durmo sozinha.
Durmo em paz.

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