O estranho no espelho.


Em um castelo de sonhos que não existem, danço nos salões da insanidade. Contudo, a loucura é sua ação mais elevada, sua vaidade, que se reflete em cada passo meu. A tênue linha entre a insanidade consciente e a esquizofrenia.

Quando paro para pensar em quem sou, eu não chego a conclusão alguma. E penso que talvez eu tenha um problema. E penso que talvez os outros tenham problemas. Mas não há lugar no mundo para mim. Não há lugar onde eu não seja assombrada por esses demônios de dúvidas cruéis e dilemas nos quais nenhum ser humano normal pensa. E essa minha alma de velha que aprisiona minha face jovem, perdida e apavorada, não me liberta. Não há cura para a dor, não há refúgio para a chuva, todas minhas orações parecem falhar.

Eu sou um pássaro. Me trancam na gaiola e esperam que eu cante como antes. E eu me liberto, e me prendem novamente. Eu não sei qual foi o ponto sem retorno, só o que eu sei é que nessas idas e vindas eu me perdi. Perdi o ímpeto, perdi a travessura, a pureza, a coragem. E só posso me achar em poucos que se dizem meus, mas será que me acharei para sempre?
O espelho me encara. Eu o encaro de volta. Apenas uma pergunta fica no ar: Quem é o estranho no reflexo?
O que eu nunca sei dizer é, se quando eu me pergunto quem sou, eu sou a que pergunta, ou a que não sabe responder.

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