O peixe que se esconde atrás da pedra.

Escorregadio. Ardiloso.
Vejo seu brilho prateado passeando entre as duras e ásperas rochas dessa água cristalina e meio assustadora que é a minha vida, e primeiro acredito. Acredito que é bom, que é bonito, que é sensato.
Vou te acompanhando com meus olhos que tem tanta dificuldade pra enxergar alguma coisa além de poesia, e fico feliz por perceber que você desfila diante de meus olhos, exibido e contente com um peixe de aquário (Mas seu aquário é feito de um par de mentiras e inseguranças e eu não consegui perceber até você escorregar pelos meus dedos).
Doo e fico doendo diante desses seus olhos fixos e inexpressivos, aterrorizada quando vejo que você se escondeu atrás da pedra. Aterrorizada por notar que você não é uma distração para uma das minhas pedras-pesadelos -- você mora nela. Se abriga nela. Faz parte dela.
Sorrio e derramo algumas lágrimas diante da inversão de ter sido fisgada por algo tão mísero e escorregadio. "Poor, poor as a fish. Sel-fish."
Ah, peixe, peixinho. Talvez eu seja só doçura e por isso não pague pelos pecados que você me fez cometer, talvez me livre do anzol e da derrota, mas um dia seu brilho prateado vai atrair algo além de olhares carinhosos. Tome cuidado, querido, sim? Tome cuidado para não atrair um tubarão e terminar devorado.

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