Sinatra me ensinou (Maldito seja/Obrigada! 2013)

Sinatra me ensinou, há algum tempo, que a vida é assim. Que eu preciso fazer as coisas do meu jeito. Que a vida pode ser encantadora com estranhos que conhecemos nas noites. Em 2013, Sinatra cantou "My way" pras minhas crises tristes debaixo do chuveiro, enquanto eu virava água cor de lágrima. Cantou "That's life" sempre que eu fazia menção de me recuperar. Cantou as mais lindas canções de amor enquanto eu dormia com aquele que significava, e eu adormeci em paz.
Mas 2013 não foi um ano de uma única voz. Quisera eu que todas as vozes fossem tão lindas quanto a de Sinatra.
Esse ano falou comigo com voz de destino. Com voz de morte. Com voz de decisão. Foram tantas as encruzilhadas (e essas são inerentes às vidas de todos os seres humanos, mas eu sempre acredito ter um talento especial para situações conflitantes).
Perdi (pessoas lágrimas esperanças convicções), ganhei (amores convicções esperanças sorrisos), e acreditei mais do que nunca (no futuro, em mim, na eterna conspiração que o mundo planeja em suas muitas voltas e desvios). Minha crença não se estabelece só nas coisas mundanas como também no que eu sou. Dois mil e treze veio me mostrar duas mil maneiras de ser (e mais especificamente, outras treze maneiras de não ser).
Queria dizer que agradeço. Agradeço minha mãe, destemperada e louca, que sempre tenta me dar amor e tapas na cara. Agradeço minha avó que é o meu motivo eterno de abrir os olhos. Agradeço minhas amigas inseparáveis que sempre me despejam carinho e lições de vida que nunca ajudam em coisa alguma, mas amenizam minha solidão. Agradeço ao homem que um dia amei e achei que fosse me amar pra sempre, mas felizmente rompeu pra sempre comigo nesse maldito ano de 2013. E ainda agradeço ao Outro Significativo que eu acreditei ser meu destino irrevogável, mas massacrou muitas das coisas que eu acreditava junto com o meu coração. Eu devia dizer que agradeço as muitas vitórias e ainda mais numerosas decepções do ano maldito de 2013. Mas já despejo gratidão todos os dias da minha vida, e isso pode se tornar cansativo. Já agradeci demais.
Hoje, eu quero. Quero com tanta força, com tanta garra, que talvez até consiga. Hoje, em minha (im)possível serenidade e eterna ferocidade pouco exposta, sinto o que talvez as pessoas em geral chamem de liberdade.
Eu que sou bailarina, mulher, maluca, artista, dolorida, não tenho ideia do que fazer da minha vida. Não sei o que será da minha carreira. Não tenho um amor, namorado, marido ou affair pra chamar de meu. Não tenho ideia do que fazer pra ganhar dinheiro ou juízo. Também não sei como/quando/ouaindaporquê as pessoas olharão pra mim (olharão?) e verão uma pessoa linda, magra e bem sucedida.
Talvez eu não queira nada disso.
A verdade é que hoje, não tenho coisa alguma. Sou minha e inteira. Sou por ser.
Hoje, e quando o novo ano chegar, eu sou uma possibilidade.

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