Ô, vó, vem cá falar comigo.
Tem tanto tempo que a gente não conversa.
Você sempre me disse que eu era ingênua, vó, mas eu já não tô conseguindo mais confiar nas pessoas.
Cê sabe, meu melhor amigo passou no mestrado. Eu sei que você não gosta mais muito dele porque ele partiu meu coração, mas eu fiquei tão feliz. Será que alguém, algum dia, vai ficar feliz por mim dessa forma?
Eu sei o que você vai dizer, vó. Eu sei que você sempre fica feliz por mim.
Será que eu ainda sou aquela criança que te fazia prometer que nunca iria morrer, vó? Ou eu me tornei alguma mulher detestável que quando tá muito estressada fica brava com você?
Vó, cê ficou muito brava quando achou os cigarros na minha bolsa?
Será que eu sou uma decepção pra você?
Sabe, vó, eu já não tenho muitos amigos. Sei que sempre posso falar com você, mas é difícil esquecer que você sempre me disse pra ter cuidado. Será que todo mundo vai embora, vó? Será que ninguém fica?
Sabe, vó, conheci um menino que é assim tão doce comigo. Ele me presenteia com cogumelos de pelúcia e abraços carinhosos. Não, vó, não sei se a gente vai casar.
Ô, vó, cê acha ainda que o amor é possível?
Será que alguém vai mesmo me amar?
Até com meu jeito de largar meus sapatos pela casa e de coçar a garganta dormindo?
Eu sei, vó, eu sei que o menino de Petrópolis gostava de mim... Mas alguém mais?
Ai, vó, vem cá, me abraça. Me dá colo como se eu fosse criança de novo.
Do seu lado, sempre vou ser.
Eu te amo, vó. Mas muito.
(Promete que nunca vai morrer?)

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