Karma.


Flutuo novamente sobre o emaranhado complexo de vidas e histórias que é existir. Maldito seja esse destino, que traz você de volta. Realiza-lhe de uma canção de ninar. Me desafia. Me arrisca. Me desatina, essas surpresas que fazem meu coração tremer.
Quando ouvi seus passos, quis partir. E quis ficar. E quis voltar só na próxima encarnação, porque saber que tinha te perdido pra sempre, como o despertar de um sonho sórdido e simples, ainda era mais confortável do que te ver ali, esperando que eu dissesse, sussurrando pra mim.
Baixo os olhos diante da verdade inexorável e me visto de você, me escondo na sua pele, atuo seu personagem infame. E então, em um piscar de olhos, sou ironia, reflexão, introspecção. Em dois segundos sou aqueles olhos incríveis e aquele sorriso que me faz sorrir de volta. Sinto toda sua lascívia por mim e sua pouca consideração pelo meu afeto. E tremo. E choro por dentro, com medo de que talvez, dessa vez, doa. Você fala, fala, fala, e debocha de mim.
Você me perde, mais uma vez.
Você lamenta e dissimula, e faz com que eu me pergunte se é realmente sensível ou só mais um desses canalhas presunçosos e sedentos. E como já dizia Vinícius, quem és? Serás a sombra que me espera, ou és doce primavera?
Não sei quem és.
Me surgiu como as cores para um mundo triste, e agora ressurge como minha ferocidade de vida e prazer.
Não sei quem é, mas gosto de você.

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