Papillon.

A mulher voluptuosa -- madame luxuriosa -- caminha pelas ruas, princesa de gelo atraindo olhares mornos. Mas já não queria ser morna, ou era fria ou era quente. E não dormia, e não sentia, e era máquina gelada e morta; Esperava secretamente o abraço áspero do vil metal, mas seu amante não é o que espera e não lhe daria beijos de boa noite. Pois então fez-se quente, e já não queria mais perceber os olhares frios. Provara do sangue à lágrima, e através do calor de seu esforço e da força de seu braço, lutou. Na labuta se acabou. E dormia, e acordava, mas o dia não passava, já não sonhava. Mulher de negócios, em conceito se transformou. Mas era pessoa, era carne e era desejo, não era conceito. Sentia falta do ímpeto, da meninice. Correu de volta, porque quando não se sabe pra onde vai, qualquer caminho é bom o suficiente. Então por que não escolher o passado como uma rota para um bom futuro? Transformação, novamente. E de borboleta, voltou a ser pequena lagarta; O acaso voltara a ser amigo, o casulo a protegia. No entanto, em que mundo a proteção é real? Na crueldade da vida, seu casulo foi destruído, e selvagem se libertou, meio-borboleta, metamorfando, meta-forma de vida cheia de vontade e medo. Se não sabia o que era, era o que tinha escolhido ser. O não-saber. E por não saber, soube que poderia sorrir de novo. Sorriu. Era livre.

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