Diante da indiferença (eu, pessimista/realismo é demais pra mim)


É, é. Vamos parar com essa bobagem, que já passou da hora de admitir que somos mesmo um bando de hipócritas. Você vê, construímos essa casa. Não, não seja tão literal. Construímos essa fantasia, que seja. De que somos especiais. De que cada um tem um lugar no mundo, e de que o mundo é tão bonito e tão cruel. Vivemos nesse eterno ultra-romantismo, esse ufanismo, esse patriotismo exacerbado dessa terra dos sonhos (porque o país que a gente vive não é o mesmo que o nosso mapa indica). Somos sempre os mocinhos, ou os anti-heróis. Somos sempre o lado correto e nobre e vencedor. E quando não somos os vencedores, somos os mártires! Mas a escória? Escória?! Ai de mim ser escória! Eu sou mesmo é o protagonista!
Pois é. Hoje eu despertei comum. Tomei café da manhã comum, falei comum, fiz xixi comum e tomei banho com sabonete comum. E não apenas comum! Invisível! E isso deveria ser algo notável e extraordinário, exceto que meu corpo não ficou translúcido. Eu estava ali o tempo todo, mas as pessoas não me viam. Sabe qual é a verdade? As pessoas não te vêem.
Mentira.
Essa não é a verdade. As pessoas te vêem, sim. Elas só não te acham nem um pouco extraordinário, apaixonante ou adorável. Você não toca as pessoas. Você não muda a vida delas. Você não é especial, a não ser pra si mesmo.
Você. Que não é um protagonista. Que não é um seriado. Que não é incrível. Você, que passa. Some. Não existia na ignorância e vai deixar de existir no esquecimento.
Ah, queridos. O mundo não é cruel. O mundo é indiferente.

Comentários

Postagens mais visitadas