Dois.

Ela disse "Somos o que somos"
E o que sou? Eu não sabia,
Eu não sabia.
Ele disse "Somos números, estatísticas"
Mas eu sempre fui tão ruim em matemática
Sem saber contar, eu escrevia.
Lembro que ela dizia coisas lindas
Sobre meus olhos doces de madeira
Meus olhos quentes de pedra
Meus olhos incertos de água
Lembro que ele disse coisas duras
Sobre minha vida quebradiça de caos
Minha força estranha e sentimental
Meu sexo enlouquecido e visceral

Essas duas figuras emblemáticas
Tão opostas, tão distantes
Não me representam em essência,
mas em desejo
E eu, aflita, danço em direção a elas
e abraço suas pernas
"Meus queridos, meus amados"
Tão distantes do que sou
Tão próximos do que amo, vejo,
Almejo.
O que sou, o que sou?
Eu sou vocês.
Uma eterna, um efêmero.
Dois.
Pares de olhos profundos, desconhecidos entre si
A representação do amor.

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