Profanação pt. II - As linhas de sangue e as vozes cansadas

Quando seu segredo veio à tona
Pensei que seu sangue fosse meu veneno
Minha maldição, prisão perpétua que me privava
Do meu sexo, do meu ser, da minha inalienável possibilidade de escolha
Através da sua maldição, me transformei em você.
Você, minha megera, minha má-drástica mãe.
Fiz questão de me inspirar no extremo oposto,
No extremo ódio,
No extremo desgosto.
Seu sangue que era meu sangue tornava minhas veias podres
E eu inevitavelmente gangrenava diante das minhas verdades mal articuladas
Ah, meus invariáveis erros de criança hoje te parecem menos cruéis?
Se não parecerem, perdoa-me.
Perdoa, como posso te perdoar hoje.
Perdoa a loucura de quem nunca foi bem ajustado
Sei que você sabe como é
E se já não pudermos dispensar uma a outra afeição
Alimento, fibra ou coração
Que pelo menos meus olhos encontrem os seus no momento crucial
Porque hoje reconheço que seu sangue é minha salvação.

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