Sinestesia pt. II - O poste vermelho

Foi em algum lugar entre o cigarro que você amassou
E o beijo que você me deu quando ou desci do carro
Ou talvez tenha sido premeditado
Enquanto eu depilava as pernas ou escolhia o vestido
Não tenho certeza plena
Talvez tenha sido no diálogo sensacional que você teve com minha melhor amiga
Que sentada no banco traseiro do seu carro, pedia
"Pára ali na frente do poste vermelho"
E você replicava indignado
"Que poste vermelho?! Eu sou daltônico!"
Ou na gargalhada incontrolável que soltei em seguida
Foi em algum pedaço desse dia que você levou um pedacinho meu
No banco do carona, com o livro que você me emprestaria
Eu soube, por um breve momento, que poderia amar você
Soube que seria capaz de te amar com a honestidade do vermelho que você não via
Não sei mais como, quando ou onde
Como um sonho do qual você acorda sabendo qualquer coisa
Eu soube
Mas não sei como, quando ou onde
Também não sei se seria vermelho


(Mas novamente, que diferença faz? você é daltônico)

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