Desmesura e perdição

Às vezes fecha os olhos e vê o lugar onde costumava viver. As pessoas que costumava viver, amar e ser. Os adeuses que ficaram para trás, os adeuses que ainda viriam. Cada hematoma novo, uma nova lembrança, um novo 'olá'. Recomeço é duro, não quer recomeçar. Quer continuar. Descobrir. Planejar. Quer ser sem temperança, quer ansiar sem medo do impulso. Quer viver sem fronteiras, sem calma, sem racionalização. E quem não quer, querida? Quer ser universo, quer ser absoluta, mas também quer ser sem machucar. Quer pertencer devagarzinho, no silêncio da madrugada de domingo. Quer sentir cheiro de casaco emprestado sem sentir raiva de devolver. Quer não ter medo de perder. Quer se perder em braços novos ou antigos, mas quer se perder! Quer saber, e saber mais, e quer descobrir sem fim, porque deseja sempre um novo mistério. Seus desejos complexos, pequenina. Pois sim, quem tudo vê, imagina nada. E imagina tanto, minha menina. Imagina tantas histórias impossíveis, amores inverossímeis, futuros improváveis. Seus olhos quentes e esse coração frio. Quem é, pequenina? Que quer? Quer ser arte? Quer ser nebulosa? Quer ser interesse? Quer ser inatingível?
Lembre-se que a dama vence todos merecidamente, estilhaça o tabuleiro e termina altiva, imponente e merecidamente sozinha. E não merece alguém pra compartilhar de suas sandices tão belas?
Sempre dança nas pontas dos pés. Sempre sonha alto demais (Porque pra sonhar baixo, é tudo o mesmo esforço). Não é sensata, e que se danem os sensatos e corretos. Essa vida é bruta demais e louca demais. Sensatez não é parte desse mundo. Entregue-se agora, e sofra, chore, morra, clame, dance, mas viva! Com paixão. Com doçura. Com você.

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