O guardião prolixo e as perguntas de agonia


Chegou com os olhos bem abertos e os lábios bem costurados. A cada palavra sufocada os olhos cresciam e as pupilas dilatavam.
Qual é o seu mal? Perguntavam os olhos.
E eu dizia esperança.
Mas qual é o seu mal? Repetiam.
E eu respondia que era amar demais.
Não, não! Replicavam contrariados. Quero saber qual é seu mal verdadeiro, qual é sua imensa angústia, o que te aflige?
E eu, sem pestanejar, respondi: Você.
Silêncio sorriu enquanto seus olhos calavam e seus lábios se descosturaram. Silêncio tinha muitas perguntas e era um tanto prolixo. Silêncio, ante-sala do fim, se dissolveu.

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