Os sete círculos de fogo

Estou lutando um guerra. Sou um exército de uma alma só.
E tenho alma, mas não sou um soldado.
Por pensar demais, entrei nessa guerra. Do outro lado, forças desmedidas. Traumas irreparáveis. Dores inconsoláveis. Um desafio atrás do outro, como um verdadeiro inferno. Uma sequência de pesadelos intermináveis.
Continuo de pé, mas minhas costas estão cansadas com um peso que ninguém enxerga e muito menos sente, só eu. Às vezes, penso em morrer. Muitas vezes, penso em morrer. Porque morrer de uma vez seria mais fácil do que ter pedaço por pedaço arrancado, rechaçado, humilhado, desvalorizado e então, depois de tamanha tortura, assassinado.
Mas continuo de pé.
Tentando.
Acreditando.
Continuo de pé, lutando.
Dos sete círculos de fogo que compõem o inferno, já cruzei quase todos. E novamente eles me envolveram. E novamente eu encontrei meu caminho para fora deles.
Quando olho para trás, não consigo me lembrar de nenhum deles. Não consigo me lembrar da dor, do suor, do sangue ou do calor que feria minha pele.
Porque os sete círculos de fogo pelos quais eu transito (e todos transitam em momentos indefinidos de suas vidas, com personagens diferentes e diferentes vilões) não serviram para me desconstruir. Os círculos de fogo e seus infernos particulares falharam e continuam falhando miseravelmente em me destruir.
O fogo não me consome. O inferno não me fere. A dor não me macula. O calor não muda quem eu sou.
Os sete círculos de fogo não são meu castigo: São minha salvação.
Deles, saio nua, quente, ensanguentada.
Deles, saio purificada.

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