Na cama, que é lugar quente

É um sem fim de tristeza
De sono destilado em lágrimas
E o mesmo cheiro doce que acompanha meu medo de solidão

É a frustração com o presente que eu não ganhei
Com a saudade que você não sentiu
Com o amor que você não correspondeu

É a absoluta ausência de desejo
A atração pela inércia e pelo nada
Pela paz que acompanha o vazio da escuridão

É a culpa atribuída aos mil amores infames
Às várias camas onde o amor não se deita
Aos mil momentos tão perdidos quanto os discursos mal articulados

É, enfim, o reconhecimento de que não há culpado
Não há réu nem carrasco
A culpa, o peso, a angústia:


- É tudo meu.

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