A artista está presente e o dia em que conheci Marina Abramovic


Na tela do computador, uma das mulheres mais lindas que eu já vi. Grandes olhos azuis cheios de alguma coisa que me lembrava compaixão. E uma história. E muitas palavras dentro de olhares amorosos. E meus olhos observando soluçantes, com lágrimas que não hesitavam em descer correndo pelas minhas bochechas.
Naquela tarde, você veio almoçar comigo e eu te abracei até você explodir. Aí você me apresentou a Marina Abromovic, enquanto eu te mostrava algumas obras emblemáticas da Pina Bausch, Ana Vitória e Angel Vianna. Eu te preenchia com a minha dança e você sorria e rebatia com todas as coisas emocionantes que você queria me mostrar. Falei demais. Expus tudo o que eu considerava arte e tudo o que eu queria ser, e como sempre fez desde os meus dez anos de idade, você ouviu paciente e com olhos presentes.
Seus olhos eram presentes como os da Marina Abromovic. Seu sorriso tinha um quê de compaixão e compreensão. E quando você me mostrou tantos vídeos e a obra "The artist is present", tive aquela sensação engraçada que eu sempre tinha perto de você.
Coloquei em perspectiva todos os anos que vivemos juntas. E os anos que vivemos virtualmente separadas. E como nos tornamos a mesma coisa. Farinha do mesmo saco. Sensíveis, artísticas, parcialmente esquisitas (eu muito mais do que você, e você muito mais do que gostaria de admitir).
É, minha querida amiga, somos artistas. Mas a artista que hoje se faz presente em mim, e dá contorno ao que eu sou... essa aqui, foi você quem criou.
A artista que eu sou foi gerada, moldada e alimentada por você. Obrigada, minha quimera de olhos grandes.

À Laísa Mourão, a artista sempre presente nos meus dias e no meu coração

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