O corpo proibido
O corpo proibido é silencioso. Privado do tato e seu consequente prazer. O corpo proibido não escolheu, entretanto, seu silêncio - É silêncio forçado e imposto. O corpo proibido não pode, não deve e desconhece o gozo. O corpo proibido é tolhido. É ameaçado por amarras e mordaças imaginárias. Não tem permissão pra exercitar seus sentidos.
O corpo proibido não sente. Não pode ser. Sua pele é escondida e profanada a todo custo. Sua nudez, demonizada. Seus movimentos são impedidos, mobilizados. Sua voz é engasgada.
O corpo proibido também não sabe ouvir. Por não ter a pretensão de ser algo além de um corpo a ser escondido de sua própria natureza, não absorve palavras ou ideias. Seu dicionário é composto por palavras como "pudor", "correto", "social", "aceitável". Não aceita ser bonito diante da arte sem que seus lábios pronunciem palavras que denigram sua imagem.
O corpo proibido é assombrado por um espírito moralista, é constantemente violentado. Ele diz que descoberta é impureza. Que o sexo é sujo. Que o corpo é moradia da alma. Que só o que foge da carne é espiritualizado. Porque corpo proibido não sabe ser alma. Não sabe dizer. Não sabe sentir.
O corpo proibido está em nós.
Nós somos corpos proibidos.
Esperamos libertação através da libertinagem.
Libertinos e libertos, longe do divino, humanizados: Seremos o corpo vivo.
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