Ulay e Marina - Dois passos além da muralha

Queria um amor como o de Ulay e Marina.
Queria um amor que olha nos olhos dessa maneira.
Queria a dureza de Marina, que encara olhos de monstros e anjos, ferinos e cândidos, e não reage, não diz palavra, não profere ofensa: Queria ser indestrutível e inabalável como os olhos azuis tristonhos que compreendem tudo.
Queria a simplicidade e altruísmo de Ulay, que revive alegremente toda sua história enquanto passeia dentro de sua carne nervosa, aguardando o reencontro. Queria um amor que fosse maior que ciúme e que orgulho, que não me permitisse sentir rancor. Queria um amor que contivesse o que eu transbordo em olhos menos cansados.
Queria que tudo se desfizesse quando eu o encontrasse. Que meus olhos não pudessem mais permanecer impassíveis, que já não aceitasse a separação de maneira tão simples e altruísta. Queria que nossos olhos se encontrassem quando nos encontrássemos. E quando nos encontrássemos, nos encontraríamos. Espiritualmente. Em um gesto simples, entraríamos um na pele do outro, incapazes de sair, tornando a separação insuportável.
Queria um amor como o de Ulay e Marina. Queria caminhar três meses e muitos quilômetros.
Mas quando nos encontrássemos na muralha e déssemos as mãos, não seria um adeus.
Seria o começo.

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