Carta ao oculto - pt. II

Perdoa por ter te feito tanto mal. Perdoa porque eu sei que você acredita nessas coisas do inconsciente, mas nem o meu lado mais sombrio e profundo ia machucar seu coração. Perdoa minha necessidade de entender tudo e minha falta de voz ao telefone.
Perdoa minha dificuldade pra entender quando estou errada e meu jeito de acreditar em tudo o que você diz ao pé da letra. Perdoa porque eu subestimo seu carinho por mim e porque eu tenho esses surtos de falta de atenção e burrice, como você diz. Perdoa e entende que se fosse pra escolher, eu sempre escolheria você.
Perdoa por te pintar tão desinteressado e até sem coração. Perdoa por ter visto meu lado e distribuído os carinhos errados. Perdoa minha mão leve no telefone e meu jeito enrolado de falar. Perdoa minha gargalhada alta e minha falta de reação ao te ver -- É que quando eu te vi, lembrei do meu sonho e sabia que você ia embora antes. Perdoa por não ter me despedido com um abraço, mesmo que você não quisesse, mesmo que você rechaçasse. Perdoa tudo de errado que eu fiz, por distração, falta de sobriedade ou medo.
Perdoa minhas crises de consciência e o jeito que eu choro e te deixo confuso. Perdoa, que eu te entendo. Tenta me entender de volta.
Perdoa meu jeito desesperado de pedir desculpas e me justificar, também. É que eu não sei o que fazer com você. Não dá pra te tirar do meu coração nem da minha cabeça, e também não dá pra ficar do seu lado, né?
Perdoa por ter falado da prova e perdoa por ter deixado meus ciúmes tão claros. Perdoa por não ter ajudado a melhorar o seu dia, e por não ter acendido seu cigarro. Perdoa por não ter te arrancado um sorriso e um beijo a força. Perdoa porque eu não disse que queria você por perto, por puro medo de você dizer que eu sou mesmo maluca. Perdoa o estresse, mas fica.
Viu, tô pedindo mais uma vez: Fica.
Fica, que sem você tem sido impossível. Fica, que eu sei que mesmo que seja bem pouquinha, você tem vontade de ficar.