O amor é uma realidade inventada
Nós estávamos andando por aqueles corredores de novo. Estávamos rindo, vermelhos e tensos. Eu segurava suas mãos e beijava seu rosto e você mantinha sua expressão impassível, mas eu conseguia ouvir seu coração batendo alto. Peguei suas mãos e levei ao meu peito inquieto, enquanto pousava minha palma em cima do seu coração. Estávamos descompassados e nervosos e coramos. Corremos e falamos, falamos, falamos... como sempre falamos tanto. Eu não podia tirar meus olhos de você, eu não conseguia deixar de sentir raiva, mas não podia afastar a felicidade de estar ali. E então, estávamos na rua. Era tudo movimentado, cheio de carros nervosos e motoristas mecânicos que bebericavam café e se irritavam com demonstrações de afeto. Foi ali, no meio daquela mistura de avenida com estacionamento, no meio do trânsito caótico, que você me puxou pelo braço e me beijou o canto da boca. E eu sorri, sem acreditar.
"Não, não brinque comigo" - neguei, mas eu mesma sabia estar brincando com você. Porque eu queria tanto quanto você. Nos afastamos por dois segundos e continuamos a caminhar por entre os carros, que nos ignoravam, e não chegavam nem perto de nos atingir. E então surgiu um caminhão enorme, vindo impossível e irrefreável em sua direção. Em dois segundos, encurtei a distância física e emocional entre nós. Me atirei em seus braços e beijei-lhe a boca como se não houvesse amanhã. Você gargalhava no meu ouvido enquanto os carros desapareciam e nós girávamos e beijávamos e aceitávamos um ao outro. Mas a paisagem estava sumindo e um som ressoava como trombetas apocalípticas. Era um som que me dizia que aquilo acabaria... Uma música conhecida e odiada que anunciava a hora de acordar... Meu despertador?!
Eu entendi rápido demais, e seu corpo me repeliu em uma velocidade que só podia ser real em sonhos, mesmo. Te implorei com o olhar e gritei em desespero, tentando fazer com que a paisagem não se dissolvesse.
- Não, não, não! Por favor, me diga que é real, me diga que não é um sonho!
Agarrei seus braços, seu cabelo e seu cheiro. A música aumentava e engolia minha realidade inventada, meu momento supremo de felicidade e aceitação.
Parei de implorar e te olhei um segundo a mais, só pra não esquecer. Quando meus olhos desolados te tocaram, você sorriu.
- Até a próxima noite, Dani.
Até a próxima noite, querido.
"Não, não brinque comigo" - neguei, mas eu mesma sabia estar brincando com você. Porque eu queria tanto quanto você. Nos afastamos por dois segundos e continuamos a caminhar por entre os carros, que nos ignoravam, e não chegavam nem perto de nos atingir. E então surgiu um caminhão enorme, vindo impossível e irrefreável em sua direção. Em dois segundos, encurtei a distância física e emocional entre nós. Me atirei em seus braços e beijei-lhe a boca como se não houvesse amanhã. Você gargalhava no meu ouvido enquanto os carros desapareciam e nós girávamos e beijávamos e aceitávamos um ao outro. Mas a paisagem estava sumindo e um som ressoava como trombetas apocalípticas. Era um som que me dizia que aquilo acabaria... Uma música conhecida e odiada que anunciava a hora de acordar... Meu despertador?!
Eu entendi rápido demais, e seu corpo me repeliu em uma velocidade que só podia ser real em sonhos, mesmo. Te implorei com o olhar e gritei em desespero, tentando fazer com que a paisagem não se dissolvesse.
- Não, não, não! Por favor, me diga que é real, me diga que não é um sonho!
Agarrei seus braços, seu cabelo e seu cheiro. A música aumentava e engolia minha realidade inventada, meu momento supremo de felicidade e aceitação.
Parei de implorar e te olhei um segundo a mais, só pra não esquecer. Quando meus olhos desolados te tocaram, você sorriu.
- Até a próxima noite, Dani.
Até a próxima noite, querido.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPor que não falar? Por que sofrer quieta em vez de falar e conseguir o que deseja? No caso de um 'não', a dor é finita e a liberdade é certa.
ResponderExcluir"Se a vida é simples, do que eu tenho medo?"
ResponderExcluirTudo já foi dito, Charles. Nossos sonhos são mesmo uma terra de ninguém.