Ode ao que não foi

Hoje é dia de festejar os covardes. Vamos exaltar os frouxos, os medrosos, aqueles que tem medo de perder.
Não arriscam, não petiscam, mas o pouco que tem, preservam! Mantém o que carece de significado, retomam as memórias dos dias de glória e olham pro presente com olhos castanho-desconfiados.
Vamos celebrar a covardia e a amargura dos pessimistas, que vêem apenas o ciúme e a feiura, a inveja e as migalhas! Vamos agachar ao lado deles e murmurar, reclamar, vamos blindar o coração!
Vamos adorar tudo aquilo que se priva, que gosta pela metade, dá pela metade, ama ou odeia em frações. Vamos dançar as doses homeopáticas de carinho e entrega, vamos beber da taça dos quase-vencedores, dos semi-ganhadores.
Vamos acreditar que, em termos práticos, ficaria feio. Vamos ignorar o coração. Vamos escolher deixar o afeto para trás. Vamos viver do pragmático, do insosso, do que não colore os dias.
Só pra poupar o coração ou o ego.
Vamos ser covardes como eles.
Vamos nos privar.
Um brinde à ausência (ou escolha da falta) de coragem!

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